Vida Espiritual

O que é e o que não é Vaidade?

                        

        

            O meio evangélico é muito heterogêneo e composto de vários grupos com ideias e pontos de vista diferentes especialmente no que se refere a usos e costumes. Como mulheres cristãs, precisamos estar preparadas para defender nossas posturas frente ao legalismo existente entre algumas igrejas evangélicas.

Algumas igrejas evangélicas assumiram uma postura restritiva de usos e costumes; hoje já não se diferencia a doutrina de Deus da doutrina dos homens. Entre os ataques mais comuns que as mulheres cristãs sofrem dos legalistas se refere ao uso de joias, uso de calça cumprida, cortar e pintar os cabelos onde muitos legalistas interpretam essas atitudes como sendo “vaidade” e, portanto, “vaidade é pecado”. Mas o que a Bíblia realmente ensina sobre esses assuntos? É sobre isso que nós estaremos tratando nesse texto.

            Qual o verdadeiro significado da palavra Vaidade na Bíblia? Para sabermos sobre isso precisamos lembrar que a Bíblia foi escrita originalmente em outras línguas, o Antigo Testamento foi escrito na língua hebraica e o Novo Testamento foi escrito na língua grega. Portanto, para sabermos o verdadeiro sentido da palavra “vaidade” na Bíblia precisamos pesquisar nessas línguas, o que os autores bíblicos realmente queriam dizer.

            Na pesquisa descobri que todas as vezes que a palavra “Vaidade” aparece em toda a Bíblia o seu significado é sempre o mesmo, no hebraico (Antigo Testamento) a palavra usada para vaidade é: (lbh habel) e significa sempre: vazio, oco. Seu uso se refere geralmente à adoração de ídolos vazios: “Não vos afasteis para correr atrás de ídolos que não servem para nada e não podem libertar, porque são vazios”. (I Samuel 12,21). Salomão escreve também sobre a vaidade dizendo “Vaidade de vaidades”! diz o Pregador; vaidade de vaidades! Tudo é vaidade. (Ec 1:2). Já no Novo Testamento a palavra usada para vaidade é: (mataiothv = mataiotes) e significa sempre: vazio, Seu significado, em primeiro lugar, refere-se ao mundo criado que, no pecado e sem preencher o propósito inicial para o qual foi criado, tornou-se vazio:

 “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou”. (Rm 8:20). Paulo também usa a palavra vaidade para expressar a forma e o estilo de vida vazia vivida pelos que não conhecem a Deus, “Isto, portanto, digo e no Senhor testifico, que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos”. (Ef 4:17). Ou seja, diante disso não há qualquer relação entre a palavra vaidade e o uso de joias, roupas ou ornamentos, e tratar o uso de joias e ornamentos como sendo pecado, são na verdade falta de conhecimento bíblico.

            Outra coisa que desejo acrescentar, se o uso de joias fosse condenado pela Bíblia, por que Abraão mandou seu servo presentear a Rebeca com joias? (Gn 24:22). Está escrito que José mesmo sendo um temente a Deus usou joias no pescoço (Gn 41:42). Daniel mesmo se recusando a não comer os manjares do rei, não se recusou a andar segundo à moda da Babilônia e a usar joias (Dn 5:16,29). O próprio Deus usou metáforas onde incluiu o uso de joias, roupas caras e adereços a fim de simbolizar sua benção ao seu povo (Ez 16:8-14).

            É interessante observar também que já que os legalistas estipulam que o uso de joias é “vaidade”, por que usam quadros na parede de suas casas para ornamentá-la? E por que usam gravatas? Por que usam relógios no braço? Não seria isso também no mesmo critério usado por eles, uma ‘vaidade”, com isso se observa a hipocrisia dessas pessoas e o preconceito para com as mulheres.        

            O Uso de Calças cumpridas a luz de Deuteronômio 22:5

            Em minha opinião Deus nos chamou para sermos diferentes e não ridículas. Algumas igrejas usam o texto de Deuteronômio para alegar que “mulher não pode usar roupa de homem”, se referindo a calça cumprida. Mas as roupas de homens e mulheres na cultura judaica tinham o mesmo modelo (capas parecidas com os vestidos de hoje). O que uma cultura estabelece como roupa masculina e feminina não vale para outras culturas.

            É a cultura de um povo que determina o que é roupa de homem e de mulher, e no Brasil a cultura estabelece modelos de calça para ambos os sexos. Se calça é roupa de homem, por que os legalistas não usam calças com zíper do lado? Eles mesmos admitem que esse modelo é feminino! Quando Deus condenou que a mulher se vista com roupa de homem e vice versa, na verdade Ele estava condenando o travestismo, ou seja, o ideal é que os homens queiram ser homens e as mulheres queiram ser mulheres.

Por Renata Sobrinho

(Referência da pesquisa: livro “È Proibido” do pastor Ricardo Gondim)